8 de julho de 2010

Bully: Polêmico

O título da Rockstar cabe como um anel no dedo da desenvolvedora americana, que vai de polêmica em polêmica, despertando paixão entre seus seguidores e a fúria das autoridades - não muito numerosas mas, infelizmente, com muita influência social. E não é para menos. Primeiro, a série GTA nos ofereceu um festival de crime e livre arbítrio onde podíamos realizar mil e uma travessuras e foi acusada de racismo, machismo... todos adjetivos que significam algo negativo. Logo chegou Manhunt, um sinistro espetáculo dedicado ao mito dos snuff movies, sendo criticado e proibido nos países mais conservadores.

Já não se podia ir mais longe, ou pelo menos era o que se pensava até o momento que chegou Bully, o simulador de vandalismo escolar que poderíamos definir como o irmão menor de Grand Theft Auto. Uma versão light - mas não menos emocionante por isso - adaptada à realidade de um escola particular norte-americana, ou seja, sem assassinatos, armas de fogo, roubo de carros e etc., mas que mantém intacta a sua essência.

Se você pensa que sua estada nas aulas da academia Bullworth será uma chateação comparada com um passeio por San Andreas ou Liberty City, nem imagina o quanto está enganado. Existem poucos lugares tão duros como os colégios, e mais ainda aqueles correcionais que, por trás de suas aparências e formas, são autênticos cárceres para adolescentes.

Nosso herói é Jimmy Hopkins, um garoto "problemático" que foi expulso de sete escolas e terminou em Bullworth decidido a mudar sua má sorte e demonstrar a seus pais que não é um cabeça oca. E terá um longo ano à frente para fazer isso... será que vai conseguir?

Para os que, equivocadamente, pensam que Hopkins é simplesmente um abusador ou bully, devemos esclarecer que, apesar da onipresença dos valentões, nosso papel será mais o de mediador entre eles e os pobres meninos inadaptados que são vítimas de seus abusos. De fato, uma de nossas tarefas será dar um pouco do próprio remédio aos chefes dos bandos e proteger os mais fracos.

Claro, isso não transforma Jimmy em uma freira caridosa. As cachorradas que podemos chegar a cometer em Bully são inúmeras, desde lançar petardos, bombas de fedor, ovos, pó de mico, até usar armas improvisadas como estilingues caseiros, bastão de beisebol, bolas esportivas ou até mesmo a tampa de uma lixeira. Poderemos ativar o alarme antiincêndio, arrebentar os lavabos desativando inutilizando os serviços... os desenhistas aproveitam ao máximo a capacidade de interação com o cenário.

Além dos objetos, contaremos com a valiosa ajuda de nossos punhos e pés: eles vão falar por nós se a coisa ficar feia, por meio de uma série de combos nada desprezíveis que iremos dominando ao longo do curso. A execução dos golpes especiais é fácil de aprender e às vezes é muito divertida, como quando trancamos alguém em um lugar ou simplesmente lhe damos um bom pontapé no traseiro.

Entre tanto barulho de brincadeiras e brigas, haverá lugar para o raciocínio verbal. Hopkins nos demonstrará que também sabe se relacionar com seus companheiros usando a palavra.

De fato é um fator determinante que fortaleçamos a vida social do nosso personagem. Não à toa, nos tocará lidar com tribos escolares diferentes, perfeitamente refletidas no jogo, onde destacaria os ratos de biblioteca ou frikis, junto com um grupo de garotos de cabelo engomado que parafraseiam os personagens da novela Rebelde. Ainda que a facção mais perigosa será sem dúvida a das garotas. É que Jimmy tem 15 anos e seus hormônios em plena efervescência, se bem que nossos flertes não irão além de beijos, com o curioso detalhe que poderemos beijar meninos também. E isso irritou muitos conservadores.

A conduta dos NPCs, sua inteligência artificial e as frases que pronunciam, que nos fazem duvidar se realmente são predeterminadas, dão prova do grande trabalho realizados pelos programadores da Rockstar.

Quanto ao aspecto puramente técnico, se nota que Bully foi desenvolvido empregando o mesmo engine de San Andreas. Seus gráficos não são impressionantes já que o PS2 começa a dar sinais de envelhecimento, mas tampouco desmerecem. Mantêm sua fidelidade à estética de pseudo-desenho animado típica das obras da companhia.

Bully é um porta-bandeira da originalidade e da qualidade, que não se deixa amedrontar pela aura de provocação que o envolve

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